Na coluna “ABC da Indústria”, publicada no último domingo no Diário do Grande ABC, o co-CEO do Grupo Mazurky, Eduardo Mazurkyewistz, refletiu sobre os bastidores pouco visíveis do empreendedorismo.
Segundo ele, não é raro ver empresários sendo julgados apenas pelos números e resultados, mas o que quase ninguém enxerga são os bastidores: a pressão silenciosa, as decisões difíceis, os dias ruins e a responsabilidade de sustentar centenas de famílias. Tudo isso em meio a juros altos, crédito escasso, concorrência desleal, sabotagens e crises. Ele complementa que ainda assim, o empresariado segue firme, uma vez que empreender é, acima de tudo, um ato de resistência.
Confira o artigo completo:
Hoje pela manhã, ao ver as notícias, me deparei com um vídeo de uma jovem cantora sertaneja, que fez fama muito jovem, chorando diante de seus fãs. Era visível o quanto ela estava sob pressão. E, inevitavelmente, fiz um paralelo com a minha trajetória e a do meu irmão, meu sócio, com quem iniciei nossa empresa ainda muito jovem, cheio de sonhos mas também cercado de desafios.
Muitas vezes, o empresário é visto como o vilão da história. Existe uma percepção equivocada, quase cultural, de que o empresário apenas “ganha dinheiro às custas dos outros”. Poucos enxergam o outro lado: o risco diário, o peso das decisões, a responsabilidade com os empregos, com a dignidade de tantas famílias que dependem diretamente do funcionamento de uma empresa.
Por trás de cada CNPJ, existe uma pessoa. Uma pessoa que enfrenta os juros altos de um dia, a falta de crédito no outro, a queda nas vendas na semana seguinte. Que lida com a escassez de mão de obra engajada, com concorrência desleal, com tentativas de sabotagem, com roubo de informações, com clientes em recuperação judicial e, ainda assim, segue. Posso listar muitos “dias ruins” porque eles vêm. E diferente da cantora no palco, o empresário muitas vezes chora sozinho. Porque precisa passar firmeza. Porque precisa ser o pilar da confiança diante dos colaboradores, dos clientes, do mercado e até da própria família.
Às vezes, até acham graça ao nos verem jovens à frente de uma grande indústria. Já ouvi perguntas como “qual é a geração da empresa?”, como se nossa capacidade estivesse ligada à idade. É uma mistura de julgamento e subestimação. Mas o tempo ensina, e a realidade molda. Empreender é encarar a pressão de um mercado instável, é segurar a barra quando os resultados não vêm, é lutar pelo que você construiu, mesmo quando parece mais fácil desistir.
Nem sempre temos a opção de “mudar de carreira”. Quando você constrói algo com propósito, com raiz, com verdade, você não abandona no primeiro tropeço. Você continua. Ajusta as velas. Aprende. Cresce. E mesmo diante da solidão que às vezes acompanha quem carrega o peso da responsabilidade, há um sentimento que nos move: a certeza de que vale a pena.
Porque empreender no Brasil é isso. É resistir todos os dias. E mesmo nos bastidores, mesmo no silêncio, seguir transformando realidades.
Eduardo Mazurkyewistz, sócio fundador da Mazurky Embalagens de Papelão Ondulado. Advogado, com especialização em administração de empresas e treinamento para empreendedorismo pelo SEBRAE, Mazurkyewistz é membro da Empapel (Associação Brasileira de Embalagens em Papel). É também vice-diretor titular do CIESP – São Bernardo do Campo (Centro Regional das Indústrias do Estado de São Paulo). Há mais de uma década no mercado, a Mazurky é uma empresa especializada no desenvolvimento e fabricação de caixas de papelão e acessórios de papelão ondulado.
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